As séries que marcam a parceria entre Marvel e Netflix são um ponto fora da curva quando o assunto são produções televisivas focadas em heróis. Mesmo fazendo parte do universo colorido e bem humorado dos Vingadorese Guardiões da Galáxia, tanto Demolidor quanto Jessica Jones flertam demais com o tom "sombrio e realista" mais conhecido das obras da DC nas telas, sem introduzir qualquer novo elemento às suas narrativas. Assistimos aos sete primeiros episódios de Luke Cage - esse definitivamente não é o caso da série.
Ousada e diferente do que já foi apresentado pela parceria até agora, a série sobre o "herói de aluguel" introduz uma nova faceta que muda quase que por completo seu storytelling: a cultura negra. Ambientada no Harlem, longe dos perigos de Hell's Kitchen, Luke Cage chega com a promessa de mostrar um novo lado de Nova York que ainda não foi explorado nas produções anteriores e não descansa enquanto não estabelece à que veio.
Além dos heróis e vilões, das belas locações e dos bem construídos cenários, Luke Cage conta com o hip-hop como um interessante personagem secundários a ser considerado. Imersa em música, a produção resgata com louvor a essência do que foi o blaxploitation sem ir à década de 70, usando gírias da cultura do Harlem, sem desacelerar os diálogos entre gangues que tem quase seu linguajar próprio.
Sendo uma das mais temáticas séries da Netflix/Marvel, a expectativa aumenta. O que esperar de uma produção que se baseia no primeiro herói negro da editora a estrelar sua própria revista? Aos fãs dos quadrinhos, não esperem o Carl Lucas desbocado que cospe frases de efeito enquanto usa um caricato uniforme. As referências à obra original são sutis, mas perceptíveis. Cage está quase sempre vestindo algo amarelo, mas está mais calmo. Não quer dinheiro em troca de seus serviços, busca por justiça. Enfrenta Cottonmouth de cabeça, mas não quer algo em troca. Mas para aqueles fãs que não aceitam mudanças, dêem uma chance a Mike Colter e Cheo Coker - são easter eggs pela dúzia.
Um importante fator é o que mais distância Luke Cage de suas séries companheiras: a série está visivelmente mais clara. É possível, em todos os momentos, ver o rosto dos protagonistas, enxergar a ação, sem ter de forçar a vista. O visual amarelado da produção - assim como Demolidor pesa no vermelho e Jessica Jones carrega no roxo - deixa claro que ela faz parte de um conjunto e que, em breve, veremos esses heróis se reunindo. Além disso, assim como suas sucessoras, o sétimo capítulo da série guarda um gancho enlouquecedor.
Enfim, Luke Cage é a prova de que, mesmo usando certos moldes, é possível produzir algo diferente. É, quase que certamente, a produção mais acessível da parceria entre Marvel e Netflix - além de ser divertida e surpreendente.
Luke Cage estreia em 30 de setembro na Netflix.
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